ESP/CE celebra o Dia da Mulher

2 de março de 2018 - 07:20

Sex, dia 02 de 2018 11:20

A Escola de Saúde Pública do Ceará, por meio da Diretoria de Pós-graduação em Saúde (Dipsa), celebra o Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março, com uma programação festiva e com um debate sobre as conquistas e desafios da luta das mulheres.

 

Inicialmente, às 8 horas, será oferecido um café para as mulheres da ESP/CE, no Laboratório de Enfermagem da Diretoria de Educação Profissional em Saúde (Diesp). A partir das 9 horas, acontecerá uma mesa redonda para discutir o significado da luta das mulheres na atualidade.

 

Após o debate, será lançado o “Caderno Diálogos sobre Enfrentamento à Violência Contra a Mulher”. O Caderno é uma iniciativa conjunta da Universidade Regional do Cariri (URCA), por meio do Observatório da Violência dos Direitos Humanos, e da Diretoria de Pós-Graduação em Saúde (Dipsa), da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE).

 

O Caderno consta de uma parte introdutória, com uma breve discussão sobre a violência contra a mulher, sua relação com a saúde, alguns dados nacionais, uma apresentação sobre o Observatório, uma segunda parte com os dados coletados em tabelas e gráficos, associados a uma breve análise dos dados, e uma terceira parte com uma apresentação da campanha 16 dias de ativismo em 2017.

 

As organizadoras da publicação, Olga Alencar e Maria de Lourdes Goes, esperam que este Caderno possa ser, amplamente, utilizado pelo público-alvo da Escola de Saúde Pública, principalmente os residentes da Residência Médica e Residência Multiprofissional, das universidades, estudantes, professores(as) e demais interessados. Assim como seja utilizado pelos gestores(as) que trabalham em prol das políticas públicas voltadas para as mulheres.

 

Após o intervalo do almoço, às 15 horas, haverá a exibição do filme holandês “A Excêntrica Família de Antônia”, ganhador do Oscar, na categoria Melhor Filme Estrangeiro, em 1996. O filme conta a história de Antônia, uma mulher diferente das demais de sua época. Viúva e com uma filha adolescente, muda-se para fazenda onde nasceu após a morte da mãe. Antônia enfrenta os preconceitos de uma sociedade matriarcal, que se escandaliza com o seu comportamento.

Origem do dia

 

O primeiro Dia da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. Somente em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, e em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

 

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970, emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

 

 

O Dia da Mulher é a celebração de conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos, sendo adotado pela Organização das Nações Unidas e, consequentemente, por diversos países. A luta das mulheres por melhores condições de vida começou a partir do final do século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias e a discriminação de gênero eram alguns dos pontos que eram debatidos pelas manifestantes da época. Atualmente, além do caráter festivo, o dia continua servindo como conscientização para evitar as desigualdades de gênero em todas as sociedades.

O dia 8 de março é um marco na luta pelos direitos das mulheres ao redor do mundo. Se fosse possível retroceder no tempo e contar para um cidadão do começo do século 20 que as mulheres, hoje, votam, tem média de escolaridade maior que a dos homens, governam países e estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, talvez o sujeito não acreditasse no relato.

 

Feminismo

 

 

No mundo, o movimento feminista surgiu como uma forma de reivindicar o acesso à educação e muitos outros direitos básicos. As origens do movimento estão atreladas aos acontecimentos da década de 1960. Nesta época, com o surgimento da pílula anticoncepcional, as mulheres conquistaram maior autonomia sexual. Escritoras como Simone de Beauvoir e Betty Friedan ganharam espaço por buscarem desconstruir o papel então convencionado para a mulher na sociedade.

 

Um caso emblemático desse período aconteceu no dia 7 de setembro de 1968, quando centenas de mulheres de várias partes dos Estados Unidos saíram às ruas de Atlantic City e protestaram contra os estereótipos femininos e a “ditadura da beleza”. A ideia era fazer uma queima coletiva de sutiãs. No entanto, o plano não foi concretizado.

 

A sociedade contemporânea confere às mulheres um novo papel no Brasil e no mundo. As últimas décadas foram marcadas por profundas transformações que impactaram nas vidas das mulheres. Há 81 anos registrou-se a conquista do direito do voto feminino. A revolução sexual a partir dos anos 60 permitiu às mulheres uma progressiva e forte inserção no mercado de trabalho. Mas há uma longa caminhada a percorrer. Os salários ainda são desiguais. As mulheres brasileiras, embora sejam mais da metade da população, ocupam apenas 9% das cadeiras na Câmara dos Deputados. A luta pelos direitos da mulher é permanente., envolvendo aspectos econômicos, sociais e culturais.

 

O Dia Internacional da Mulher é uma data para avaliações e reflexões. Para além da questão de valorização do gênero, trata-se de um momento importante não somente para se fazer homenagens, mas também para discutir a condição feminina, de maneira aberta e propositiva, no Brasil e no mundo.

 

O Brasil é um exemplo clássico de evolução da luta das mulheres ao longo do tempo. Numa análise geral, esse processo vem adquirindo uma força simbólica expressiva, principalmente após as últimas eleições presidenciais, embora saibamos que distorções de ordem sócio-econômicas ainda permaneçam na base da maioria dos problemas que atingem as mulheres brasileiras.

 

Não se pode esquecer que ainda precisam ser superados problemas como a violência doméstica, as diferenciações salariais e o preconceito. Por isso, há que se manter forte o simbolismo que envolve a luta das mulheres por mudanças estruturais, estabelecendo políticas de auto-afirmação que garantam uma sincronia mais ajustada entre o discurso e a prática.