ESP/CE reflete desafios dos sanitaristas na atualidade
14 de dezembro de 2017 - 12:04 #ESP/CE #Sanitaristas
Qual o papel do sanitarista na atualidade? E quais os desafios dessa categoria diante da complexidade que o mundo coloca na contemporaneidade? Essas foram algumas das questões debatidas durante uma mesa redonda realizada na Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), no último dia 13.
O encontro fez parte da programação do Seminário de Defesa da Turma I do Curso de Especialização em Saúde Pública (ESPublic) e encerrou as atividades dos primeiros 25 sanitaristas especializados no Ceará pela ESP/CE, por meio Centro de Educação Permanente em Vigilância à Saúde (Cevig).
As discussões tiveram início com uma fala da professora universitária e militante feminista Lourdes Goes, que fez uma contextualização histórica acerca do trabalho dos agentes sanitaristas e demais profissionais da saúde pública no período da redemocratização brasileira. Para ela, o profissional de saúde “tem o dever de devolver à população aquilo o que ele aprende na universidade”, afirmou.
Esse retorno também foi pautado pelo médico sanitarista Manoel Dias da Fonseca. Ele ressaltou alguns dos principais desafios dos sanitaristas ao longo dos últimos 40 anos, como a municipalização e unificação do sistema de saúde brasileiro e a garantia da saúde como um direito irrestrito a todos os cidadãos e um dever do Estado. “Enquanto integrantes da área de saúde, nós temos de pensar formas de organização do serviço que deem conta de que as pessoas envelheçam com saúde”, reforçou.
A diretora de Pós-Graduação em Saúde e coordenadora do curso, Olga Alencar, falou da relevância em se debater a temática a partir de uma experiência de formação em saúde pública. “A ESP/CE trabalha nessa perspectiva de criar processos formativos que sejam para além daquele que é normatizado. Isso porque acreditamos que é possível ressignificar por meio da formação”, disse.
A presença dos sanitaristas é uma realidade desde a década de 1920 no Brasil. Com distintas formações e funções, esses profissionais se legitimaram como atores importantes, tanto nas ações de promoção da saúde, quanto na organização e gestão de sistemas e serviços. “E hoje temos o grande desafio de sermos sanitaristas nessa contemporaneidade e em um mundo mais complexo”, reflete.
Essa reflexão também foi partilhada pela sanitarista Raquel Nepomuceno. Em sua fala, ela questionou medidas como a restrição orçamentária aos municípios e estados. “Hoje, 86 % dos municípios enfrentam dificuldades fiscais”, alerta.
A sanitarista também contestou a mobilização da iniciativa privada e suas propostas de participação na gestão dos serviços, planejamento e execução do Sistema Único de Saúde brasileiro. “Nós estamos vivendo no Brasil uma crise econômica e política. E temos de nos perguntar: qual é o meu papel nesse processo?”, indagou.
O Curso de Especialização em Saúde Pública é uma parceria da ESP/CE com a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola) e Ministério da Saúde, visando formar Especialistas em Saúde Pública como lideranças estratégicas para o fortalecimento e inovação do Sistema Único de Saúde.
Agenda
A mesa redonda “Desafios de ser sanitarista na atualidade” compôs a programação dos seminários de defesa e avaliação da I Turma do Curso de Especialização em Saúde Pública (ESPublic). As atividades envolvendo o Seminário de Defesa e Avaliação do curso encerram-se no dia 15. A primeira turma da ESPublic no Ceará teve início em setembro de 2016. Além do Ceará, as cidades de Pernambuco e Paraná foram as únicas que, até o momento, formaram turmas nessa especialização.