Seminário abre programação de combate à violência contra a mulher

24 de novembro de 2017 - 12:24

Sex, 24 de novembro de 2017 16:20

 

 

O panorama histórico, os avanços e os desafios a serem vencidos no combate à violência contra a mulher foram questões abordadas no Seminário “Enfrentando a Violência Contra as Mulheres: Desafios e Oportunidades”. O evento, realizado, hoje, no auditório do Palácio da Abolição, está inserido na programação dos “16  Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher”.
 
 
 
Neste ano, a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) aderiu à programação, em parceria com a  Universidade Regional do Cariri  (URCA), por meio do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos na Região do Caririi, e a Coordenadoria Especial de Politicas para as Mulheres do Governo do Ceará.
 
 
 
O Seminário foi aberto, às 9h45m, pelo superintendente da ESP/CE, Salustiano Pessoa, que, em seu pronunciamento,  elogiou a iniciativa da ESP/CE em debater essa problemática. “A ESP/CE está cumprindo sua missão ao abraçar essa causa”, disse ele, ao lembrar que a violência é um problema de saúde pública e direitos humanos que atinge mulheres no Brasil e em todo o mundo. A mesa de abertura contou com as presenças de Olga Alencar, gestora da Diretoria de Pós-Graduação da ESP/CE, e de Camila Silveira, diretora da Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo do Ceará.
 
 
 
Avanços e desafios

Em sua fala, Olga Alencar disse que “o pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve ser combatido em todos os espaços da sociedade para romper o ciclo da violência contra as mulheres”. A gestora apresentou dados estatísticos, onde revelam que o Brasil ocupa a sétima posição no cenário mundial, na taxa de mortalidade. Olga Alencar informou que, no Brasil, no período de 1980 a 2010, o número de mortes de mulheres passou de 1.353 para 4.465, o que representa um aumento de 230%, mais que triplicando o quantitativo de mulheres vítimas de assassinato no país.

 
 
Além disso, revelou que, a cada duas horas, ocorrem um feminicídio no Brasil e, a cada cinco minutos, 11 mulheres são estrupadas no Brasil. Esses dados, de acordo com Olga Alencar, “são somente a ponta do Iceberg e refletem a cultura machista em que estamos inseridos, disseminando valores como a culpabilização das mulheres”.
 
 
Para ela, “os discursos cristalizados e validados na sociedade fazem com que milhares de mulheres se sintam culpadas da violência que sofrem”. Apesar de os avanços como a criação da Lei Maria da Penha, a tipificação do feminicídio como crime hediondo, o direito ao aborto legal, entre outras conquistas, Olga Alencar considerou que “ainda não suficientes e que, na atual conjuntura que o Brasil passa, não podemos baixar a guarda”.

Camila Silveira,  da Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo do Ceará, ressaltou a importância do governo estadual de aderir à essa campanha mundial de enfrentamento contra a violência contra a mulher.  Em seu depoimento, ela destacou os esforços realizados pela atual adminstração para criar uma melhor estrutura logística de apoio às mulheres vítimas de violência no Ceará.
 

 
 
 
 
Debates

Pela manhã, o Seminário teve a mesa redonda com o tema “Violência contra as Mulheres: desafios e oportunidades”, com a participação de Lourdes Goes, professora universitária, Militante feminista e Especialista em Gênero, que fez um panorama da violência contra as mulheres. O segundo tema foi a ” Rede de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres no  Ceará”, debatido por Camila Silveira, da Coordenadora da Coordenadoria Especial de Políticas para Mulheres do Governo do Ceará, e Ticiana Studart, educadora popular, militante feminista e representante da Marcha Mundial de Mulheres.

 
 
Após o intervalo do almoço, o Seminário prosseguiu com a palestra sobre ” Organização da rede de segurança pública para o enfrentamento a violência”, com a participação de Rena Gomes Moura, professora universitária e diretora do Departamento das Delegacias Especializadas.
 
 
As 15 horas, aconteceu a mesa redonda sobre ” Violência e diversidade: múltiplos olhares”, tendo como debatedoras Luma Andrade, educadora, professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e presidenta da ABEH (Associação Brasileira de Estudos da Homocultura); Ana Carolina Lima Sales, educadora social,  fundadora do Coletivo Paulo Freire/UECE; e presidenta da União de Negros pela igualdade Racial (UNEGRO);  Juliana Alves, estudante de Pedagogia e diretora da Escola Indígena Jenipapo de Kanindé; e Rose Marques, advogada, militante feminista e dos Direitos Humanos.
 
 
 
 
 
 
Eventos

 
A programação prossegue, no dia 01 de dezembro, com a Roda de Reflexão sobre o Dia Mundial de Combate a Aids, na sede da ESP/CE. No dia 06 de dezembro, será o lançamento da Campanha “Laço Branco” em apoio ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo fim da violência contra as mulheres. No dia 11 de dezembro, será o encerramento com discussão sobre o Dia Mundial dos Direitos Humanos e a I Mostra de Trabalhos de Pesquisa e Extensão em Saúde.

A I Mostra de Trabalhos de Pesquisa e Extensão em Saúde tem como objetivo promover um espaço de compartilhamento de estudos e experiências acerca de trabalhos na área da saúde que contemplam a temática do enfrentamento à violência contra as mulheres.

 
 
Os interessados no envio de resumos de trabalhos para a I Mostra deverão preencher o formulário online, disponível no site da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE)  , no período de 24 de novembro até as 23h59m do dia 01 de dezembro de 2017. Os trabalhos devem compreender a temática sobre a violência contra as mulheres. Os participantes poderão inscrever trabalhos sobre a temática nas modalidades Pesquisas em Saúde e Relatos de Experiências.
 
 
Objetivo

O objetivo da campanha é mobilizar a sociedade e promover a atuação conjunta entre governo e sociedade, especialmente na área da saúde, sensibilizando os serviços e profissionais de saúde a compreenderem a magnitude e transcedência da violência contra as mulheres, seus impactos para a qualidade de vida das mulheres e sociedade e a importância de organizar ações específicas de saúde no enfrentamento do problema.

 
 
No Brasil, o enfrentamento à violência contra as mulheres teve suas primeiras manifestações nos anos 70, como uma das principais bandeiras de luta da segunda onda do feminismo no país. As feministas reivindicaram o direito ao corpo, ao prazer e lutaram contra o patriarcado e o machismo.
 
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a violência contra a mulher atinge uma em cada três mulheres nas Américas e tem consequências profundas e duradouras para a saúde das sobreviventes, inclusive lesão física, gravidez indesejada, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, além de uma série de impactos negativos na saúde mental. A violência praticada pelo parceiro íntimo é a forma mais comum da violência enfrentadas pelas mulheres. A OMS estima que 30% das mulheres nas Américas já sofreram violência física e/ou sexual praticada pelo parceiro e 11% sofreram violência sexual praticada por um agressor que não seja o parceiro.

 

 

 

 

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