Semana do SUS: Papo Saúde na ESP destacou a humanização do sistema público de saúde

16 de setembro de 2020 - 10:04 # # # #

Repórter: Jackson de Moura | Arte gráfica: Júlio Lopes

Respeito e atenção ao paciente no seu contexto histórico-social e condições favoráveis para escolhas livres, esclarecidas e autônomas. A humanização do Sistema Único de Saúde foi o tema do Papo Saúde na ESP desta terça-feira (15). A live, em edição especial, é parte do projeto “SUS no Ceará: 30 anos, Saúde Para Todos”, uma série de atividades desenvolvida até sábado (19), dia do aniversário da regulamentação do SUS. A programação é uma iniciativa da Secretaria da Saúde do Estado, por meio da Escola de Saúde Pública do Ceará, hospitais da rede pública do Governo do Ceará e movimentos sociais.

Instituída em 2003, a Política Nacional de Humanização do SUS surgiu como proposta de qualificação das práticas de saúde no sistema público de saúde e humanizar as relações estabelecidas neste âmbito. Durante a live, o doutor em Saúde Coletiva e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), José Maria Ximenes, disse que já existiam ações pontuais antes da PNH, como programas de humanização hospitalar e de humanização do parto e nascimento, mas que a proposta da política surgiu para que humanização ocorra de forma transversal e inclusiva.

“A humanização do SUS é uma proposta civilizatória, por assim dizer, na medida em que buscou induzir a inclusão de sujeitos e coletivos nas práticas de saúde. A PNH foi pensada para garantir uma defesa de direitos à saúde, numa conjuntura de fortalecer movimentos sociais e fortalecer também o sistema de saúde numa perspectiva de promover democracia institucional”, pontuou Ximenes.

Também convidada para o papo comandado pela supervisora do Centro de Extensão à Saúde da ESP/CE, Luciana Lopes, a presidente da Associação Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, Liduína Rocha, comentou essa perspectiva de inclusão. Ela disse que a humanização do SUS é uma luta pelo respeito às pessoas e que é preciso compreender como as suas relações cultural e especialmente social e economicamente se estabelecem. ” A gente só vai falar de fato em humanização no SUS quando tivermos a dignidade humana garantida”, comenta.

Autonomia do paciente

Como parte de uma construção entre gestores, trabalhadores e usuários do SUS, humanizar a saúde requer a garantia de vários aspectos, pontuou Ximenes. Entre eles o financiamento do sistema público de saúde, a política de educação permanente dos profissionais e adequadas condições de trabalho para o coletivo de saúde. Além disso, ele acrescentou como essencial o respeito à alteridade do paciente na relação entre trabalhador da saúde e usuário.

“O paciente não pode ser reduzido a apenas um diagnóstico ou doença. Há um contexto de vida que precisa ser compreendido psra além da doença e a gente possa pensar práticas de saúde que sejam inclusivas e respeitem a singularidde desse sujeito”, destacou.

Liduína Rocha acrescenta que, neste aspecto, é preciso respeito à autonomia do usuário do SUS que está na condição de cuidado. “Não delegamos autonomia para ninguém, não empoderamos ninguém no sentido de ter autonomia. Autonomia é uma condição que não se aliena, é uma condição do sujeito”, diz ela, ao acrescentar que a ambiência do SUS é que vai ocasionar a autonomia do usuário, com livre escolha, de forma consciente e autônoma.

Como exemplo, ela citou o momento do nascimento. “Se a gente não promove no SUS uma ambiência capaz de acolher de forma digna e respeitosa uma mulher que escolhe ter o parto normal, a gente não está falando de respeito à autonomia. A ambiência prevê que seja qual for a escolha da paciente, ela terá sua dignidade, privacidade e escolhas respeitadas. Ainda temos muito a caminhar nesse aspecto”, ponderou.

Programação

As atividades em alusão aos 30 anos de regulamentação do SUS continuam nesta quarta-feira (16). Às 19h, uma nova live no Instagram da ESP/CE vai discutir o tema “Inovação disruptiva: diálogo sobre presente e futuro na Saúde”. O convidado será o ativista digital Cláudio Prado, que já foi coordenador da ação de Cultura Digital da Secretaria de Programas e Projetos do Ministério da Cultura entre 2004 e 2008 e um dos fundadores da Casa de Cultura Digital e do Mídia Ninja.

“SUS no Ceará: 30 anos, Saúde Para Todos”

“SUS no Ceará: 30 anos, Saúde Para Todos”
Live: Inovação disruptiva: diálogo sobre presente e futuro na Saúde
Quando: quarta-feira, 16
Horário: 19h
Convidado: ativista digital Cláudio Prado
Moderação: Clarisse Castro (NIT)
Acesse em instagram.com/espceara