Saúde das populações negra e indígena são debatidas

5 de setembro de 2008 - 18:54

 

 
Por razões sociais ou de discriminação, as mulheres negras brasileiras têm menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, à atenção ginecológica e à assistência obstétrica e apresentam também maior risco do que as mulheres brancas, de contrair e morrer de determinadas doenças cujas causas são evitáveis.

No Brasil, não há muitos dados de mortalidade materna considerando a variável raça ou cor. Contudo, eles revelam que a taxa das mulheres negras é quase seis vezes maior do que a de mulheres brancas. Em razão de serem, em sua maioria, chefes de família sem cônjuge, mas com filhos, a mortalidade materna da mulher negra relega à orfandade e à miséria absoluta um número significativo de crianças.

Esses foram alguns indicadores apresentados durante o painel “Saúde das Populações Negra e Indígena”, realizado na manhã desta sexta-feira, dia 5, como parte da programação da III EXPOESP. A situação da saúde das populações negra e indígena foi debatida, na Sala 1 do Núcleo de Educação Profissional, por Sandra Gualandro, chefe do Laboratório de Hematologia do Serviçode Hematologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Elsie Krusbusly, médica e integrante da Comitê de Investigação Científica da ESP-CE; e Márcia Machado, enfermeira que desenvolve pesquisas nas área de saúde da mulher e da criança.

DOENÇA FACILFORME

A médica Elsie Krusbusly apresentou o resultado de uma pesquisa realizada, de junho de 2007 a 2008, com crianças do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), onde foi constatada a elevada incidência de doenças Facilforme – 70% das crianças foram diagnosticadas com anemia Facilforme. Elsie Krusbusly alertou sobre o fato de as doenças Falciforme se serem um problema de grande relevância no âmbito da saúde pública. 

Diante do problema, Elsie Krusbusly diz que é necessário ampliar a difusão dos conhecimentos da doença e de conscientizar os profissionais de saúde sobre os conhecimentos clínicos e complicações e evolução dessa patologia. “Os efeitos da doença Facilforme sobre a vida dos pacientes mostra a necessidade de um apoio psicológico e de se criar mecanismos de suporte sócio-econômico”, enfatizou a médica.

TABEBAS

Os indicadores de saúde infantil e materno da comunidade indígena Tabeba, no município de Caucaia, têm melhorado significativamente, nos últimos anos, em função do importante trabalho preventivo realizado pelos agentes comunitários de saúde, segundo avaliação da enfermeira Márcia Machado, baseada na sua pesquisa realizada durante oito meses naquela comunidade sobre a situação nutricional e saúde infantil de crianças indígenas de zero a cinco anos.

Apesar de enfrentar problemas de exclusão social, como luta pela demarcação de terras e discriminação cultural, as mães e crianças pesquisadas apresentaram melhoria no quadro geral de saúde.  De um universo de 380 mães de crianças de zero a cinco anos da comunidade Tabeba, 65% amamentam seus filhos com leite materno durante seis meses e 97% dos bebês nasceram no hospital. Os problemas de saúde começam a surgir após a suspensão do aleitamento materno, em função da introdução de produtos industrializados.  Segundo Márcia Machado, a ação preventiva dos agentes comunitários de saúde que atuam têm um papel relevante na redução das enfermidades e da taxa de mortalidade infantil.

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