Juntas somos mais fortes: “Estar aliada a outras mulheres faz com que a gente possa batalhar por um objetivo comum”, diz Tânia Mara Coelho

28 de março de 2023 - 07:28 # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa | Entrevista e fotos: Evelyn Barreto


A médica infectologista Tânia Mara Coelho é a segunda mulher a liderar a saúde pública cearense

Tânia Mara Silva Coelho teve, ao longo de sua vida, mulheres aliadas às suas trajetórias pessoal e profissional. A construção de referências femininas iniciou ainda dentro de casa, com sua mãe, Maria da Conceição Pereira da Silva. A matriarca a ajudou a perpetuar um olhar crítico, evidenciado na formação da sua equipe técnica na Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

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A titular da pasta estadual tem ao seu lado outras mulheres fortes: Maria Vaudelice MotaJoana Gurgel Holanda Filha e Maria Aparecida G. Rodrigues Façanha (Paíta). Todas escolhidas especialmente por Tânia para compor o secretariado executivo e trabalhar na construção de políticas de saúde em prol da população cearense.

Na matéria que encerra a série especial Juntas somos mais fortes, em alusão ao Mês da Mulher, Tânia Mara Coelho relembra momentos importantes no percurso até assumir a gestão de uma das principais secretarias do Governo do Estado. A médica infectologista destaca a importância do apoio de outras mulheres nessa jornada e projeta, ainda, o legado e a identidade que quer deixar na Saúde do Ceará.

Confira a entrevista:

Qual mulher é sua maior referência e por qual motivo?


No escritório da titular da Sesa, fotos com colegas de trabalho e com a mãe, Maria da Conceição Pereira da Silva, acompanham a rotina da secretária

Tânia Mara Coelho: Minha maior referência é minha mãe, dona Maria. Ela, simplesmente, é um exemplo de mulher forte. Aliás, é a pessoa mais forte que eu conheço. Uma mulher guerreira, determinada, filha de pessoas humildes; teve pouco acesso à educação, mas empenhou-se na formação dos três filhos. Mostrou que a educação poderia transformar a nossa vida. Ela é meu maior exemplo.

Para você, o que significa “ser responsável pela sua carreira” e como ser mulher atravessa essa questão?

T.M.C.: Ser responsável pela carreira é enfrentar os desafios que são diariamente impostos a nós mulheres. Temos de provar, por vezes, que temos a mesma habilidade e a mesma capacidade do sexo oposto. Na verdade, ser mulher é batalhar duas vezes. A gente tem de se expressar, se mostrar, enquanto mulher, que somos capazes, ao mesmo tempo em que temos de ser mulher.

Em sua trajetória profissional, estar aliada a outras mulheres fortaleceu seu percurso? Como?

T.M.C.: Eu tive a sorte de contar com mulheres muito fortes, além da minha mãe, muito parceiras, que sempre me deram apoio e foram muito legais. Estar aliada a outras mulheres faz com que a gente possa batalhar em prol de um objetivo comum. Acho que as mulheres acabam por ter visões muito semelhantes sobre diferentes assuntos. Isso impulsiona a gente a trabalhar de forma firme e a ser mais unida.


Valéria Mesquita (à esquerda) e Thaís Duarte (à direita) são algumas das mulheres que compõem a equipe do Gabinete da Sesa

Muita gente fala de competição feminina, mas acho que é uma competição que pode existir de forma positiva, que nos eleva. Eu acho extremamente necessário estarmos fortalecidas e unidas para que, juntas, possamos superar todas as barreiras e todos os preconceitos que nos são impostos.

Você relembra algum momento marcante em que seu trabalho foi legitimado por outra mulher e isso otimizou o resultado?

T.M.C.: Sim! Eu tive a oportunidade de trabalhar com uma amiga, dona de um hospital privado O nome dela também é Tânia. O fato de ela ser proprietária do hospital e eu ter assumido a direção clínica da unidade, com seu respaldo, fez com que eu conseguisse me impor mais facilmente dentro do equipamento, ser respeitada. Ela é uma pessoa que, até hoje, eu admiro demais e mantenho uma relação de cumplicidade.

A Sesa tem, em sua maioria, um corpo de colaboradores composto por mulheres – especialmente à frente de coordenadorias e células. Que representatividade você almeja disseminar para elas?

T.M.C: Eu quero que todas se destaquem. Não acredito que existem pessoas melhores que as outras, e sim as que têm habilidades e talentos que outras não têm. Quero que, cada uma, com suas virtudes, possa se destacar, se desenvolver, e que a gente, com união, possa fazer uma Sesa melhor.

Hoje temos diferentes legislações que fortalecem e protegem os direitos das mulheres. Em relação à Saúde da Mulher, que demandas precisamos estar atentas e sensíveis para garantir estes direitos?

T.M.C.: Acho que devemos dar destaque às demandas de prevenção em saúde das mulheres. Temos de promover a atenção de doenças como câncer de mama, de colo uterino; promover a vacinação para elas, para as adolescentes, principalmente em combate ao HPV (papilomavírus humano). Tudo que a gente puder fazer para prevenir doenças nas mulheres… Afinal, sabemos que algumas condições, com uma prevenção anual, já evitam seu agravamento.

A última secretária mulher na Sesa havia sido em 1994. Agora você assume o comando da Saúde no Ceará ao lado de outras três mulheres no secretariado executivo. Como você avalia esse protagonismo e soma de esforços?

T.M.C.: Acho extremamente importante ter esse corpo gestor aqui na Secretaria. Nós somos muito unidas. Tive a sorte de ter uma equipe muito boa. Acredito que iremos construir políticas de Saúde importantes para a população, pelo conhecimento que elas têm, inclusive. Não faço nada sozinha; preciso delas caminhando comigo.

“Eu acho extremamente necessário estarmos fortalecidas e unidas para que, juntas, possamos superar todas as barreiras e todos os preconceitos que nos são impostos”.

O apoio que damos uma à outra para atravessar todos os desafios é importantíssimo. A Saúde é uma pauta que apresenta desafios diários, e todo dia temos de matar um leão – mas o fazemos juntas. O fato de a gente enfrentar essas adversidades, mas estarmos alinhadas no pensamento, mesmo com qualquer divergência, nos fortalece. Eu espero que a Sesa cresça para darmos ainda mais saúde de qualidade para a população. E vamos conseguir, pelo trabalho de todas e todos que estão aqui, de forma coletiva e humanitária. Eu espero que nós, mulheres, sirvamos de exemplo para os homens.

Você pensa em deixar um legado na sua gestão? Qual?

T.M.C.: Quando ocupamos um cargo de gestão, pensamos em deixar algo de bom, algo que vai ser perpetuado. Aqui na Saúde, acredito que meu objetivo é transformar a vida das pessoas para melhor, dar uma assistência em saúde melhor para a população, com respeito, ética, e, acima de tudo, com humanidade.

É o legado que quero deixar para as pessoas: elas têm de ser bem tratadas, independentemente de quem sejam, de onde estejam. E que a transformação que causarmos na Saúde possa levar essa qualidade de atendimento à sociedade.

Confira outras entrevistas da série “Juntas somos mais fortes”:

• “Espero que a gente deixe uma história de empoderamento”, diz Vaudelice Mota
• “Ser responsável pela carreira é ter liberdade de escolha”, afirma Joana Gurgel
• “É uma soma de olhares unir-se a outras mulheres”, ressalta Maria Aparecida Façanha