A amamentação e o gesto dourado de partilha na vida

28 de agosto de 2020 - 14:58 # # #

Repórter: Daniel Araújo | Arte Gráfica: Júlio Lopes

Foto: Débora Porto

Há algum tempo que Dellane Emanuelle Damasceno, 36, aguardava ansiosa pela vinda do primeiro filho. Quando em setembro de 2019, Saulo finalmente chegou, toda uma nova etapa de transformação na vida da família teve início. Um dos pontos de maior importância e mudança na rotina deu-se com o período da amamentação do bebê. “Amamentar foi a melhor experiência que passei na minha vida. É até difícil descrever, mas para mim, é um ato divino”, reflete Dellane, ouvidora da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), da Secretaria da Saúde do Ceará (SESA).

Considerada uma das melhores formas de nutrição nos primeiros anos de vida de uma pessoa, a amamentação oferece inúmeros benefícios tanto para os bebês quanto para as mães. Mesmo diante de tantas dúvidas e incertezas trazidas pelo cenário de pandemia no mundo, os especialistas reforçam a relevância do aleitamento materno.

Essa é uma visão defendida pela enfermeira obstetra e colaboradora da Diretoria de Educação Profissional em Saúde da ESP/CE, Ruanna Lorna. “Se esse bebê é amamentado desde a primeira hora de vida dele, isso funciona como uma espécie de vacina natural. Ele já entra em contato com essa defesa do organismo da mãe”, afirma.

Há cerca de 4 meses, essa é uma proteção que a pequena Isabela dispõe diariamente. A mãe, Katherine Silva, 26, faz o aleitamento exclusivo em livre demanda. “A amamentação significa um maior momento de conexão com minha filha. É saber que temos este ouro líquido que permite a nutrição da minha bebê”, destaca.

Ainda segundo a enfermeira Ruanna, o aleitamento em livre demanda geralmente leva em consideração a própria rotina e necessidade de alimento exigida pela criança. “Existem crianças que demandam amamentação a cada duas horas, outras a cada 90 minutos”, orienta a especialista, lembrando que o aumento no intervalo de tempo entre as mamadas é algo natural.

Foto: arquivo pessoal

Atualmente é nessa fase em que Emanuelle e Saulo se encontram. O pequeno já tem a alimentação complementar introduzida na sua dieta, que segue acompanhada cuidadosamente pela mãe. Para ela, o vínculo criado entre mãe e filho é muito forte. “A gente sente isso desde quando ele estão no nosso ventre. E a amamentação contribui demais para isso. Sinto isso na respiração dele, no batimento em conjunto dos nossos corações. É um vínculo que se cria e é inquebrável”, descreve.

Mas, para que esse laço seja formado e mantido, é importante o apoio das pessoas que cercam as mães. “Falamos da importância do aleitamento materno ao bebê, mas também reforçamos a necessidade de se ter essa rede de apoio, seja o parceiro, a avó ou da instituição em que essa mulher atua”, lembra a enfermeira obstetra.

Empenho

Essa foi a dedicação que Patrícia Azevedo tanto buscou dentro de si mesma, quanto pôde contar no seio da família e dos amigos. Ela trabalha na Procuradoria Jurídica da ESP/CE e conta que, antes do início da pandemia da Covid-19, deslocava-se do bairro em que trabalha, o Meireles, até a Parquelândia no intervalo do almoço para amamentar Sophia, hoje com 1 ano e quatro meses. “Para eu seguir firme amamentando minha filha, tive uma rede de apoio que foi fundamental. Sem eles eu não seria capaz de conseguir realizar o aleitamento materno exclusivo”, rememora.

Foto: Débora Porto

Além de Emmanuelle, Katherine e Patrícia, que inclusive se tornou doadora do banco de leite do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), a ESP/CE conta com outras profissionais que seguem fazendo o aleitamento de seus filhos diariamente e contam também, por parte da instituição, com apoio às suas atividades. Algumas dessas crianças nasceram em plena pandemia, como lembra Clara Alves, diretora administrativo-financeira da ESP e também avó de uma bebê.

“Entendemos o quanto a amamentação foi e é essencial na vida dessas mulheres e seus filhos. Temos várias mães que estão amamentando, mantendo os cuidados junto aos filhos, trabalhando home office e outras já se programando para o retorno gradual às atividades”, reforça.

Agosto Dourado

Instituído no Brasil por meio da Lei 13.435, de 2017, o Agosto Dourado ocorre em uma alusão à definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o leite materno enquanto “alimento padrão ouro para a saúde dos bebês”. Ao longo de todo o mês, há uma intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.

Assim como outras campanhas de relevância como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o Agosto Dourado surge enquanto movimento para alertar a população sobre um tema de extrema importância, mobilizando, para isso, sociedade, órgãos públicos e privados e instituições de saúde.

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