Inspirar #4: após passar por capacitação na ESP/CE, enfermeira potencializa Assistência à Saúde Mental em Milagres

21 de junho de 2024 - 16:47 # # # #

Assessoria de Comunicação da ESP/CE
Texto: Daniel Araújo
Fotos: Arquivo Pessoal


Janne Mattos (foto) atuou diretamente na reorganização de fluxos e na criação de protocolos da rede municipal de saúde

Ser um meio de produção do conhecimento na Saúde é, também, atuar diretamente para uma população melhor assistida, com profissionais qualificados e mais sensíveis às especificidades de cada pessoa usuária.

Há três décadas, a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), assume esse compromisso, ampliando e inovando os modelos de aprendizagem, ultrapassando os limites da dinâmica estabelecida em sala de aula. Já são milhares de alunos que tiveram suas vidas transformadas por meio da educação. 

No quarto episódio da websérie “Inspirar”, a enfermeira Janne Mattos relata a experiência dela, após participar dos cinco cursos do Programa Cuidados em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Smaps), que teve a primeira fase executada pela autarquia e pela Sesa entre 2020 e 2023. O conteúdo pode ser acessado, em vídeo, no @espceara, via TikTok, Youtube, Instagram ou Facebook.

Coordenadora da Enfermagem de um hospital de Milagres, na Região do Cariri, Mattos viu nas capacitações uma oportunidade de aperfeiçoar e potencializar a carreira profissional. A partir dos conhecimentos adquiridos nos projetos educacionais, ela conseguiu, também, replicar uma série de estratégias e práticas na assistência em Saúde Mental do município caririense.


Articulações lideradas pela profissional ocorreram em vários setores

Para isso, a gestora organizou oficinas junto aos trabalhadores da rede hospitalar, dos centros de reabilitação, de Atenção Psicossocial e da Atenção Primária à Saúde (APS). Tudo elaborado com base nos módulos presentes na trilha formativa. O resultado: a organização e o aperfeiçoamento de um fluxo integrado de atendimento e diversos protocolos. 

Níveis de Assistência

O Sistema Único de Saúde (SUS) é organizado em níveis de atenção e assistência. Estabelecidos em portaria desde 2010, são eles: primário, secundário e terciário.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a categoria à qual os profissionais se articulam para atuar não apenas nas unidades de saúde, como, também, em espaços públicos da comunidade. Já a Atenção Especializada, formada pela Atenção Secundária e Terciária, lida com serviços de média e alta complexidade.

Em Milagres, a rede se organiza nos moldes acima descritos, mas, de acordo com Janne, agora, após as replicações e alinhamentos nos equipamentos, há uma sinergia entre as equipes e uma considerável melhora no atendimento também foi sentida pelos pacientes.

“Estamos caminhando juntos. A Rede, hoje, está bem mais fortalecida e consolidada, sobretudo em relação aos cuidados necessários aos pacientes que sofrem com algum tipo de transtorno mental. Nossa intenção final é garantir que todos eles sejam assistidos. E temos tido uma melhora e redução, até no número de internações, logo após a aplicação desses sistemas e desse trabalho de articulação interinstitucional nas nossas unidades”, comemora a coordenadora.

Leia a entrevista na íntegra

Escola de Saúde Pública do Ceará: Qual o seu histórico na área da saúde?

Janne Mattos: Sou enfermeira de formação. Atuo na área há 14 anos. Já trabalhei na Atenção Básica; na Saúde Mental… atualmente, coordeno a Enfermagem num hospital municipal de Milagres (CE).

ESP/CE: Você participou do Programa Cuidados em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Smaps), fruto da parceria entre Sesa e ESP/CE. Como foi sua experiência?

JM: Eu já tinha ouvido falar do Smaps por meio de outros colegas de profissão e quando tive a oportunidade de fazer parte dos cursos não hesitei. Agora, como egressa, posso dizer, verdadeiramente, que foi uma experiência valiosa para mim. Me apaixonei pela experiência.

ESP/CE: De que forma o curso aperfeiçoou a sua rotina de trabalho?

JM: Ter levado esse conhecimento para o nosso município [Milagres] foi de grande valia. E também foi um grande desafio, principalmente em relação aos processos que desenvolvemos e que puderam ser aplicados na unidade de saúde onde atuamos. Temos um trabalho consolidado, pautado em um diálogo constante com nossos profissionais, para que o trabalho de saúde ocorra, realmente, em rede e de modo articulado. Assim, independente do nível de complexidade do quadro do paciente a ser atendido, realizamos um fluxo pautado na troca de informações entre os equipamentos da rede de atenção.

Trabalhamos junto com os profissionais do Centro de Reabilitação Raimunda e Leda de Jean Figueiredo e demais trabalhadores dos centros de Atenção Psicossocial e da Atenção Primária à Saúde. Nos reunimos com essas equipes e pudemos, a partir das referências e práticas desenvolvidas no Smaps, propor um plano de reestruturação do serviço. A APS, como ordenadora do serviço, deve ser a porta de entrada no atendimento de todos os pacientes com problemas de saúde mental. Diante disso, fizemos replicações dos ensinamentos compartilhados e passamos a orientar a entrada desses pacientes de acordo com a especialidade requerida no sistema de saúde público.

ESP/CE: Quais serviços e programas vocês realizam no município?

JM: Nosso trabalho ocorre muito a partir da organização das ações e de reuniões mensais com todos os coordenadores, para que as atividades ocorram verdadeiramente em rede. Nosso Centro de Atenção Psicossocial (Caps) já é bem estruturado e faz um trabalho focado na humanização do paciente, na integralidade da família. Do mesmo modo, temos um centro de reabilitação que, hoje, atua junto a 350 crianças e adolescentes. E todo o aprendizado adquirido durante o curso veio a agregar demais para a Saúde do nosso município e para uma melhor construção dos fluxos de atendimento da APS em Milagres.

ESP/CE: O que vem à mente quando você pensa na Escola de Saúde Pública do Ceará?

JM: Aqui, na nossa cidade, já recebemos os residentes em saúde da ESP/CE. Eu já conhecia o trabalho que a instituição fazia, sempre o achei muito bonito e me apaixonei ainda mais pela autarquia, após a experiência no Smaps. E o que pude ver em todo esse processo é que o que a gente leva daqui é o conhecimento, o aprendizado e a humanização. É saber que o ser humano precisa ser visto como um todo. Ele tem de ser visto como pessoa, como integrante de uma sociedade, como integrante do sistema de saúde, tem de ser visto holisticamente.

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