As marcas visíveis e invisíveis da violência contra a mulher

13 de novembro de 2019 - 13:18 # # # # # #

Assessoria de Comunicação e Marketing da ESP/Ceará

Nove de fevereiro de 2017. Essa data ficou marcada na memória da jornalista Lara Veras, mas não por um bom motivo. “A agressão aconteceu nessa data, por volta de 15h30. Acho que às 19h eu estava na delegacia da mulher”. A agressão foi realizada pelo próprio marido, à época. O motivo? Ciúmes. A explosão do ex-companheiro, que chegou à violência física, quase deixou a jovem desacordada.

“Eu estava dormindo quando ele chegou. Ele já chegou batendo, eu nem sabia a razão. Aí depois ficou dizendo que tinha visto uma conversa no meu facebook. Quebrou meu celular, meu notebook. Acho que tudo durou uns 15 minutos. E aí ele saiu. Não reagi, não tive como fazer nada, não consegui nem me defender. A vizinha gravou dois áudios (de pedidos de socorro), mas não chamou a polícia”.

A violência foi a primeira do tipo. Mas outros problemas existiram ao longo do relacionamento.

“Ele sempre foi violento. Louco por mim, sim, mas uma pessoa violenta. Em casa, com a família, no trânsito, no trabalho.Temperamento difícil. Falava alto. Algumas vezes rolou agressão física mais leve, do tipo ele segurar meu braço e ficar marcado. Nossas brigas eram homéricas, ficávamos dias sem nos falar. Uma vez quis me dar uma chave de braço: pegou no meu pescoço e soltou. E ele quem controlava o dinheiro”, explica.

“Tudo mudou. Meu jeito de ser, de reagir, de sentir”, diz Lara. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de quase três anos do ocorrido, Lara explica que mudou sua forma de ser. Ela faz acompanhamento psicoterápico desde então.

“Fiquei mais dura, mais fria, mais em dúvida sobre quem sou e o que quero. Confio menos nas pessoas, principalmente nos homens, claro. É uma desconstrução muito grande. Você é obrigada a se reconstruir. Sem outra opção”.

Ainda que o ex-marido não tenha sido preso, Lara aconselha que a pessoa que sofre violência, não se prive de denunciar. “É preciso ser dito, as pessoas precisam ficar alertas, observar os sinais. As pessoas precisa parar de se autonegligenciar”, diz.

Rede de Atenção a Mulheres, Crianças e Adolescentes em Situação de Violência do Ceará

Para tentar organizar uma cadeia de representantes de diversos órgãos que possa contribuir com políticas de saúde para o enfrentamento à violência contra um público vulnerável, articula-se desde 2018 a Rede de Atenção a Mulheres, Crianças e Adolescentes em Situação de Violência do Ceará. A Rede será lançada nos próximos dias 18 e 19 de novembro, na Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).

Segundo Lígia Lucena, supervisora do Centro de Educação Permanente em Vigilância da Saúde (Cevig) da ESP/CE, a rede começou a ser estruturada ainda em 2018 e visa ter também uma parceria com todos os atores sociais envolvidos com o tema em questão. “A ideia é estabelecer um conjunto de iniciativas articuladas e integradas para atender essa demanda”, diz ela.

Fazem parte do Grupo Gestor Estadual da Rede de Atenção Integral às Mulheres, Crianças e Adolescentes em Situação de Violência, representantes da ESP/CE, da Coordenadoria de Políticas e Atenção à Saúde, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Conselho Estadual de Saúde, Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Também estão envolvidos alguns hospitais da rede estadual e federal, como a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC) e Hospital Geral de Fortaleza (HGF), além de uma rede intersetorial, formada por Vice-Governadoria do Estado do Ceará, Casa da Mulher Brasileira, Secretaria de Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos, Perícia Forense do Estado do Ceará (PEFOCE), Secretaria da Educação (SEDUC) e Conselho Regional de Medicina.

Seminário de Enfrentamento à Violência contra a Mulher

A Rede será lançada no Seminário “Fortalecendo Redes Solidárias no Enfrentamento à Violência contra a Mulher”, promovido pela ESP/CE, em parceria com a Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Casa Lilás. As inscrições para o evento são gratuitas e seguem abertas através do link INSCRIÇÕES.

O evento, que ocorrerá entre os dias 18 e 19 de novembro, faz parte da Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”. As inscrições podem ser feitas por qualquer pessoa interessada no tema.

A agenda incluirá o lançamento da campanha e do livro: “Diálogos sobre as Experiências no Enfrentamento à Violência contra a Mulher”, além de apresentações de trabalhos da III Mostra de Trabalhos de Pesquisa e Extensão em Saúde.

REALIZE SUA INSCRIÇÃO

Serviço: 

Seminário “Fortalecendo Redes Solidárias no Enfrentamento à Violência contra a Mulher”
Lançamento Rede de Atenção a Mulheres, Crianças e Adolescentes em Situação de Violência do Ceará
Lançamento do livro “Diálogos sobre as Experiências no Enfrentamento à Violência contra a Mulher”
Dias 18 e 19 de Novembro
Escola de Saúde Pública do Ceará (Av. Antônio Justa, 3161 – Meireles)
Programação Gratuita