Especialistas alertam para perigo da obesidade

19 de junho de 2019 - 11:31 # # #

Assessoria de Comunicação e Marketing

A obesidade infantil é um grave problema de saúde, cuja elevada incidência exige mudança de hábitos alimentares e conscientização dos pais. Esse alerta é dos especialistas que participaram como palestrantes do Colóquio Prevenção e Combate à Obesidade Infantil, realizado, hoje, dia 19, numa promoção da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues, por meio do seu Centro de Extensão em Saúde. O evento contou com estudantes e profissionais de saúde.

As causas e consequências, as intervenções na prevenção, a subjetividade da comida afetiva e a prática de atividade na prevenção e no tratamento foram os temas levantados pelos especialistas convidados: a pediatra Virna da Costa e Silva, a nutricionista Ilana Nogueira Bezerra; a psicóloga Joyce Oliveira Matos; e o educador físico Adriano César Carneiro Loureiro.

“A obesidade é hoje uma pandemia mundial, atingindo 10% da população, inclusive se registrando em países de baixa renda”, informou Virna Silva, ao expressar sua preocupação com o crescimento desse problema de saúde, de 1975 para 2016, principalmente em meninos na faixa etária de 5 a 14 anos.

Segundo a pediatra, algo que chama a atenção é que a desnutrição está dando lugar a obesidade. “Se na década de 1970 o principal entrave ao desenvolvimento das crianças brasileiras era a desnutrição, hoje, quase 50 anos depois, a preocupação pende para o extremo oposto da balança”, sentenciou ela.

Para reforçar a gravidade do problema, Virna Silva apresentou dados estatísticos do crescimento da obesidade no Brasil. A prevalência entre os adultos aumentou 60% no país de 2006 a 2016. Entre meninos e meninas de 5 a 9 anos, 33% já estão acima do peso e 15% são considerados obesos. Nesse ritmo, a estimativa é que a obesidade atinja 11,3 milhões de crianças brasileiras em 2025.

Em sua palestra, a pediatra disse que a expectativa de vida das crianças brasileiras será bem menor do que seus pais. “O crescimento dos níveis de obesidade é muito preocupante porque não se tem um sistema de saúde preparado para lidar com a obesidade e com os problemas que ela gera”, apontou a médica.

Fatores de riscos

A desinformação dos pais em relação as causas e consequências da obesidade é, segundo a pediatra, responsável pelo crescimento. Por conta disso, ela acha importante que os pais fiquem atentos aos fatores de riscos. Entre outros, os principais são: composição da dieta, distúrbios do sono, estresse, alterações hormonais, fatores metabólicos, sedentarismo, uso excessivo de medicamentos, processos inflamatórios, ambiente social e emocional, influência materna.

O consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura, principalmente os industrializados, é um dos fatores que causa a obesidade em crianças, conforme a especialista. “Os produtos industrializados são ricos em sal, gordura e açúcares e não se tem a real dimensão do quão nocivos eles são”‘, alerta ela ao considerar que a indústria alimentícia é a grande vilã no aumento da obesidade.

A abusiva publicidade de alimentos industrializados exerce péssima influência nos hábitos alimentares das crianças. O que, na opinião de Virna Silva, exige uma tomada de posição dos governantes no sentido de criar normas de controle para a veiculação dessa publicidade. Ela informou que, em alguns países civilizados, a publicidade de alimentos industrializados é controlada, com a proibição dela em determinados horários.

Para se mudar as perspectivas sombrias, Virna Silva defende a promoção de campanhas de esclarecimento junto à população com o objetivo de conscientizar para os fatores de riscos dessa doença. “Sem uma mudança de hábitos, ficará impossível se deter a elevação da incidência”, concluiu.