Prevenção de queimaduras é focada em Colóquio da ESP/CE

11 de junho de 2019 - 12:00 # # #

Assessoria de Comunicação e Marketing

 

Como se prevenir e o que fazer em caso de incêndio? Como deve ser acionado o atendimento às vítimas de um incêndio? A incidência de casos no Ceará. O tratamento pioneiro de uso da pele de tilápia em queimaduras. A necessidade da formação de Brigadas de Incêndio em órgãos públicas e empresas privadas para saber como proceder num sinistro. As unidades de saúde especializadas no tratamento de pacientes com queimaduras e suas tipologias.

Essas questões, entre outras, foram focalizadas no Colóquio de Queimaduras: Prevenção e Intervenção, promovido, hoje, dia 11, na Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues, por meio do seu Centro de Extensão em Saúde. Dele participaram estudantes, profissionais e gestores de saúde.

Os diferentes aspectos que envolvem o tema “Queimaduras: Prevenção e Intervenção” foram abordados por Francisco Magalhães, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará; Rogério Giesta, coordenador do Samu Ceará e do Serviço de Óbitos; Cibele Pires, coordenadora do Núcleo de Queimados do Instituto Dr. José Frota; Darla Leite, docente da Residência Multiprofissional da ESP/CE; e Silva Júnior, graduando em enfermagem clínica e cirúrgica da UNICHRITUS.

Brigadas de Incêndio

Com auxílio de uma projeção de slides, Francisco Magalhães, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, foi bem didático em sua abordagem, esclarecendo como acontece um fogo e o que fazer para debelá-lo. Inicialmente, ele demonstrou como usar os extintores e os seus tipos diferenciados ( para objetos sólidos, pó químico e o de CO2 – dióxido de carbono). Francisco Magalhães deu dicas de como agir em incêndios domésticos e como evitar acidentes com aparelhos eletrônicos.

Francisco Magalhães lamentou que, na maioria dos órgãos públicos, não existam Brigadas de Incêndio, ao contrário de empresas privadas que dispõem dessas equipes em seus quadros funcionais. A Brigada de Incêndio é um grupo formado por funcionários da empresa e/ou órgão público, que voluntariamente se credenciam a participar das ações de combate a incêndio. Ela é responsável pela coordenação da evacuação da edificação em casos de incêndios e outros acidentes e, também, pelas ações de prevenção, como, por exemplo, a checagem dos extintores e saídas de emergência.

Dentre as funções atribuídas à Brigada de Incêndio, ele destacou as principais quanto prevenção e emergência. No tocante à prevenção, a Brigada tem como função analisar os riscos existentes na empresa; notificar ao setor competente as eventuais irregularidades encontradas em relação à prevenção e a proteção contra incêndios; orientar o público, tanto interno quanto externo; participar das ações simuladas; conhecer o plano de emergência da edificação. Em relação à emergência, a Brigada tem como objetivo identificar a situação; acionar o alarme e abandono da área; acionar o Corpo de Bombeiros; desligar a energia elétrica; realizar os primeiros socorros; combater ao princípio de incêndio, recepcionar e orientar o Corpo de Bombeiros.

Empresas que possuírem 20 funcionários ou mais são obrigadas a instituírem uma Brigada de Incêndio. A forma de composição é a mesma das empresas com maior número de colaboradores, obedecendo a legislação. Independente do ramo de atividade, as empresas e órgãos públicos estão sujeitos à situações de emergências, como incêndios. “Obviamente, há setores produtivos em que o risco de incêndio é maior, não é nem necessário discutir que um posto de combustíveis apresenta muito maior risco de incêndios que um escritório de advocacia”, frisou ele.

Por menor que seja o risco de incêndios, segundo o representante do Corpo de Bombeiro, as ações preventivas são importantíssimas, pois até empresas com atividades das mais pacatas e burocráticas possíveis estão sujeitas aos incêndios. Por conta disso, é importante a Brigada de Incêndios.

Incidência

Segundo informações do Ministério da Saúde, cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil a cada ano, sendo as crianças e pessoas de baixa renda as maiores vítimas. O Sistema Único de Saúde (SUS), no período entre 2013 e 2014, registrou mais de 15 mil casos de internações por queimadura em crianças com idade entre zero e dez anos. No Ceará, de acordo com dados do Instituto Dr. José Frota (IJF), em 2017, foram registrados 3.721 casos, sendo 1.169 causados por contato com bebidas e alimentos quentes, constituindo a principal causa das queimaduras, seguido de exposição a fogo e fumaça, com 427 casos, e contato com superfícies superaquecidas, 259.

O Núcleo de Queimados do Instituto Dr. José Frota, unidade da Prefeitura de Fortaleza, é referência no Norte e Nordeste e possui uma equipe multidisciplinar composta por profissionais especializados, como clínicos gerais, cirurgiões plásticos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos. A estrutura da unidade conta com Centro Cirúrgico, Ambulatório, Enfermarias, Sala de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Tilápia

O tratamento pioneiro de queimaduras com uso da pele de tilápia, ora em fase de avaliação, também foi focalizado no Colóquio. No Ceará, mais de 300 pessoas já foram beneficiadas com o uso da pele de tilápia no trato de lesões por queimaduras. O tratamento foi desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Medicamentos (NPDM) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é utilizado em pacientes do Núcleo de Queimados do Instituto Doutor José Frota (IJF) desde 2016.

A pele da tilápia, uma das principais espécies de peixe de água doce do Brasil, acontece como curativo biológico e temporário, ajudando no processo de cicatrização. O método é considerado mais efetivo por fechar a ferida, evitando infecções por contaminação externa e a perda de líquidos e proteínas. Minimizar o desconforto e dor aos pacientes também é uma das vantagens, já que o curativo natural pode ser mantido por vários dias, ao contrário dos comuns, que precisam ser trocados diariamente. Por essa razão, os custos do atendimento são reduzidos.