Colóquio aborda prevenção de queimaduras

7 de junho de 2019 - 11:19 # # #

Assessoria de Comunicação e Marketing

 

Promover o compartilhamento do conhecimento científico sobre queimaduras com enfoque na prevenção e na intervenção. Esse é o objetivo do Colóquio de Queimaduras: Prevenção e Intervenção, a ser promovido, no próximo dia 11, pela Escola de Saúde Pública do Ceará, por meio do seu Centro de Extensão em Saúde.

Voltado para estudantes, profissionais e gestores de saúde, o evento acontecerá no período da manhã, de 9h25m às 11h30m, na sede da ESP/CE, com a realização de palestras sobre a temática. Haverá uma simulação realística com prevenção de queimadura e apresentação dos índices de acidentes. Também serão abordados aspectos psicológicos no processo de tratamento do paciente queimado e apresentadas as técnicas do tratamento pioneiro com a utilização de pele de tilápia.

Dos debates participarão Francisco Magalhães, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará; Rogério Giesta, coordenador do Samu Ceará e do Serviço de Óbitos; Darla Leite, docente da Residência Multiprofissional da ESP/CE; e Silva Júnior, graduando em enfermagem clínica e cirúrgica da UNICHRITUS.

Incidência

Segundo informações do Ministério da Saúde, cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil a cada ano, sendo as crianças e pessoas de baixa renda as maiores vítimas. O Sistema Único de Saúde (SUS), no período entre 2013 e 2014, registrou mais de 15 mil casos de internações por queimadura em crianças com idade entre zero e dez anos.

As sequelas deixadas pelas queimaduras afetam a qualidade de vida dos pacientes, produzindo impactos emocionais e sociais que perduram muito tempo. Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. No caso das crianças, se a queimadura atingir 10% do corpo, há risco de morte. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%.

Existem três tipos de queimaduras, classificadas de acordo com a causa. Queimaduras térmicas são aquelas provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol. Já as químicas são provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo por meio das roupas. As queimaduras por eletricidade são provocadas por descargas elétricas.

Essas lesões também são classificadas segundo a profundidade. As de primeiro grau atingem apenas as camadas superficiais da pele. Os sintomas são vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem formação de bolhas. As de segundo grau são mais graves e atingem as camadas mais profundas da pele. Apresentam bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque. O tipo mais grave são as queimaduras de terceiro grau, que atingem todas as camadas da pele e podem chegar aos ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada.

No Ceará

No Ceará, segundo dados do Instituto Dr. José Frota (IJF), em 2017, foram registrados 3.721 casos, sendo 1.169 causados por contato com bebidas e alimentos quentes, constituindo a principal causa das queimaduras, seguido de exposição a fogo e fumaça, com 427 casos, e contato com superfícies superaquecidas, 259.

O Núcleo de Queimados do Instituto Dr. José Frota, unidade da Prefeitura de Fortaleza, é referência no Norte e Nordeste e possui uma equipe multidisciplinar composta por profissionais especializados, como clínicos gerais, cirurgiões plásticos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos. A estrutura da unidade conta com Centro Cirúrgico, Ambulatório, Enfermarias, Sala de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Tilápia

O tratamento pioneiro de queimaduras com uso da pele de tilápia está em fase de avaliação. Esse método, desenvolvido no Ceará, pode ganhar projeção nacional. Isso porque teve início a busca pela empresa que deve registrar o método na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que viabilizará o uso da técnica nos centros de tratamento de queimados de todo o País.

No Ceará, mais de 300 pessoas já foram beneficiadas com o uso da pele de tilápia no trato de lesões por queimaduras. Atualmente, a pesquisa já é utilizada, também, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco. Em âmbito internacional, Colômbia, Alemanha e Estados Unidos também desenvolvem estudos a partir da técnica cearense.

O tratamento foi desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Medicamentos (NPDM) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é utilizado em pacientes do Núcleo de queimados do Instituto Doutor José Frota (IJF) desde 2016.

O novo método está em fase de avaliação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que seleciona as opções mais eficazes, seguras e custo efetivas de tratamento. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, nos 44 Centros de Referência para tratamento de queimados do País são contemplados procedimentos em que se utilizam o enxerto autógeno de pele humana, mas não de animais. Também é contemplado, diz o Ministério, o Substituto Biológico de Pele – matriz de regeneração dérmica, que possui colágeno de animais em sua matéria prima.

A pele da tilápia, uma das principais espécies de peixe de água doce do Brasil, acontece como curativo biológico e temporário, ajudando no processo de cicatrização. O método é considerado mais efetivo por fechar a ferida, evitando infecções por contaminação externa e a perda de líquidos e proteínas. Minimizar o desconforto e dor aos pacientes também é uma das vantagens, já que o curativo natural pode ser mantido por vários dias, ao contrário dos comuns, que precisam ser trocados diariamente. Por essa razão, os custos do atendimento são reduzidos.

Inscrição no evento: https://servicos.esp.ce.gov.br/eventos/2019/eve062019ceesa/