Entrevista com Alexandre Padilha, Ministro da Saúde

4 de novembro de 2011 - 10:00

Sex, 04 de Novembro de 2011 10h00

 

Segundo o Ministério da Saúde, para o Ceará, está previsto um investimento de cerca de R$ 38 milhões na construção e reforma de unidades de atenção básica, até 2014. Hoje, Padilha estará no Estado para inauguração de uma Unidade de Pronto-Atendimento e de uma Clínica de Especialização Odontológica.

O Sistema Único de Saúde (SUS) passa por problemas graves, principalmente com relação à atenção básica. Quais as ações efetivas do Ministério da Saúde na área?

A nossa grande prioridade é dar qualidade à atenção básica. Estamos montando uma coisa nova, que é repassar para os municípios um incentivo de qualidade no atendimento. Estamos fazendo um credenciamento das equipes de saúde da família. Cada município estará indicando as equipes que participará deste programa. A partir do mês de dezembro, nós acompanharemos um painel de indicadores que mostra a qualidade do atendimento, a opinião e o grau de satisfação da comunidade com este atendimento. Podemos até mesmo dobrar o que é repassado a essas equipes desde que seja comprovada a qualidade deste atendimento. A nossa expectativa é que, até o fim de 2012, pelo menos 50% das equipes do Ceará participem deste programa. Temos a expectativa de melhorias.

O Ceará, assim como outros estados brasileiros, enfrenta deficiência no que diz respeito ao número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais públicos. Há políticas planejadas pelo Ministério sobre o assunto?

Dentro do programa Saúde Toda Hora, voltado para urgência e emergência, uma das prioridades é exatamente a abertura de novos leitos de UTI. No primeiro semestre deste ano, nós credenciamos cerca de 800 novos leitos de UTI em todo o País. Esse volume de leitos abertos superou a meta dos anos anteriores. A nossa decisão é ampliar leitos de UTI, desde que estes leitos estejam vinculados aos maiores prontos-socorros em cada uma das regiões, pois esse novo leito de UTI passa a ser ligado ao atendimento de urgência e emergência, já que temos situações em que os leitos de UTI ficam à disposição de outros tipos de atendimentos não vinculados a salvar vidas. Além disso, também criamos a ampliação de unidades coronarianas, para o tratamento de infarto agudo do miocárdio. Queremos implantar, em Fortaleza, uma dessas unidades com pelo menos 20 leitos em 2012.

A população do Ceará pode esperar novos investimentos em saúde por parte do Ministério para o próximo ano?

Estamos indo ao Ceará para cumprir uma agenda que conta com a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas e uma unidade da Clínica de Especialização Odontológica (CEO). No Ceará, temos, neste momento, 24 UPAs em construção, já habilitadas e com todos os investimentos já repassados pelo Ministério. Ainda esperamos melhorias, pois, quando estas unidades funcionam, há, consequentemente, uma forte redução na necessidade de internação hospitalar.

De que forma o Ministério está acompanhando a construção do Hospital da Mulher?

Nesta visita ao Ceará, iremos ao Hospital da Mulher para acompanharmos a conclusão das obras da unidade, que é uma grande prioridade do Ministério da Saúde.

A nossa expectativa é que a inauguração do Hospital da Mulher aconteça no primeiro semestre do ano que vem. Para nós, é um investimento muito importante. O hospital está relacionado a duas grandes prioridades do Ministério da Saúde: tratamento do câncer de mama e do colo uterino e ainda prestar um serviço de referência no enfrentamento da violência praticada contra a mulher.

O Ceará registrou um dos maiores índices de casos de dengue neste ano. Quais as ações do Ministério da Saúde no combate e prevenção da doença para 2012?

O fundamental da dengue é antecipar as ações exatamente neste semestre. Este é o momento para visitar as casas e identificar aqueles imóveis fechados, isso porque 82% dos focos do mosquito estão dentro das casas das pessoas. No caso do Ceará, colocamos a possibilidade de aumentar em 20% o repasse dos recursos para dengue, desde que os municípios cumpram com as determinações do Ministério da Saúde com relação às ações de controle da doença.

Como o Ministério vem trabalhando o acesso da população de baixa renda aos serviços de atenção básica de saúde?

As equipes de saúde da família e os agentes comunitários agem nos bairros mais pobres. Inclusive, a nossa prioridade na expansão da atenção básica de saúde é exatamente nos municípios de maior concentração de pobreza. A indução da presença de médicos também está voltada para as cidades mais pobres. O Ministério criou a situação de que o médico que se forma utilizando os créditos educacionais, como o Fies, a cada ano que ele trabalha em um bairro com alta concentração de pobreza é quitada a dívida que ele possui.

 
Fonte: Diário do Nordeste