Pesquisa da Sesa sobre febre do Oropouche é publicada em revista científica internacional

11 de novembro de 2024 - 11:10 # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto: Kelly Garcia
Foto: Thamires Oliveira


Pesquisa do “New England Journal of Medicine” está disponível para leitura on-line

Uma pesquisa realizada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em parceria com outras instituições brasileiras, foi publicada na revista científica “New England Journal of Medicine”, uma das mais influentes mundialmente na Medicina. O artigo “A Case of Vertical Transmission of Oropouche Virus in Brazil (O caso de transmissão vertical do vírus Oropouche no Brasil)” está disponível on-line.

A transmissão vertical é o contágio de uma doença ou infecção da mãe para o bebê, o que pode acontecer durante a gestação, parto ou amamentação. Segundo o médico epidemiologista e orientador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis (Cevep) da Sesa, Carlos Garcia, a percepção para a pesquisa se deu em uma atividade de rotina da equipe de Epidemiologia da Sesa.

“Entre as atividades que fazemos, estão as investigações de campo e, nesse contexto, foi identificada uma gestante que evoluiu para perda fetal. A causa foi confirmada pelo Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará], por meio de uma necropsia minimamente invasiva do feto feita pelo SVO [Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado]. Também tivemos o apoio da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) para a elaboração do documento”, explica.

Na Sesa, participaram do estudo: o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antônio Silva Lima Neto (Tanta), o superintendente da ESP/CE, Luciano Pamplona; os diretores-gerais do SVO, Anacélia Gomes de Matos, e do Lacen, Ítalo Cavalcante; os técnicos da Sesa, Ana Cabral, Luiz Osvaldo Rodrigues, Robson da Costa, Kamilla Carneiro, Rebeca de Souza, Sami de Andrade, Deborah Nunes, Shirlene Telmos, Karene Ferreira, Larissa Duarte e Leda Simões.

O médico pontua que, além da contribuição da Sesa, houve o envolvimento de outras instituições de pesquisa e ensino. O trabalho contou com colaboração do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), por meio do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, que atua como referência regional em arboviroses para o Ministério da Saúde; da Universidade de Fortaleza (Unifor); da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Faculdade São Leopoldo Mandic.

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Sobre a transmissão vertical

De acordo com o médico epidemiologista, o estudo confirmou a transmissão vertical do vírus Oropouche nesse caso de morte fetal. “O material genético do vírus foi detectado em várias amostras fetais, incluindo o líquido cefalorraquidiano, cérebro, pulmões, fígado, cordão umbilical e placenta”. O Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos da Fiocruz realizou o sequenciamento genético do vírus detectado no feto.

O orientador da Cevep explica que a infecção foi identificada na mãe com o uso de testes moleculares. “Os testes descaram outras infecções, como dengue, Zika, chikungunya e Mayaro, que também poderiam estar relacionadas ao quadro clínico”.

O método investigativo utilizado pela equipe confirmou tanto a infecção na mãe quanto a transmissão vertical ao feto.

O superintendente da ESP/CE, Luciano Pamplona, que é biólogo e epidemiologista, destaca os benefícios da técnica de autópsia minimamente invasiva, utilizada nesse estudo. “Essa técnica permitiu a confirmação laboratorial e foi implantada no SVO por meio de uma pesquisa coordenada pelo nosso grupo e que tem ampliado bastante a capacidade da vigilância local de identificar doenças novas. Iniciamos isso pensando apenas em dengue e hoje a técnica tem contribuído para confirmação de várias outras doenças”.

Para o gestor, a publicação em revista internacional evidencia a qualidade dos serviços da Saúde do Ceará, especialmente na área da Vigilância. “Publicar esses achados, em uma das mais importantes revistas médicas do mundo, evidencia a qualidade do que a vigilância do Ceará pode produzir, por meio do incentivo da Sesa e o apoio de instituições de ensino locais”, pontua.

Cenário Epidemiológico

Do começo do ano até o dia 9 de novembro, foram confirmados 243 episódios de febre do Oropouche no Ceará. Na última semana epidemiológica (de 3 a 9 de novembro), não foi registrado nenhuma nova ocorrência. Os casos estão distribuídos em municípios da região do Maciço do Baturité, sendo eles: Aratuba (58), Pacoti (36), Mulungu (28), Capistrano (63) e Baturité (28), Palmácia (3) e Redenção (27). A maioria dos pacientes reside ou frequenta a zona rural de seus municípios. Dos pacientes confirmados com a doença até o momento, seis eram gestantes.