Inspirar #2: a história do agente de endemias que ajudou a implantar o laboratório de análise de animais peçonhentos de Varjota

29 de fevereiro de 2024 - 18:26 # # #

Assessoria de Comunicação da ESP/CE
Texto: Juliana Marques
Foto: Arquivo pessoal

Agente de Combate às Endemias, Amadeu Moura, em laboratório, durante o curso de Análises de Animais Peçonhentos

Os cursos da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) presentes no currículo do agente de combate às endemias (ACE), Amadeu Moura, 36, significam bem mais que títulos e certificados. Para ele, são verdadeiros estímulos à autoconfiança profissional. “Essas capacitações dão oportunidade, principalmente, às pessoas que são desacreditadas, assim como eu também fui um dia”, relembra. 

Foi em 2022 que o vínculo com a autarquia da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) teve início, por meio da formação de Auxiliar de Laboratório de Vetores, Reservatórios e Animais Peçonhentos. Moura foi aluno da segunda turma da iniciativa.

“Conheci esse curso num grupo de trabalho, mas acabei desistindo porque um dos requisitos para inscrição era ter o Currículo Lattes, ‘coisa’ [sic] que eu nem sabia fazer à época. Depois de um tempo e já com esse documento feito, surgiu mais uma edição e, aí, eu não perdi a oportunidade”.

Foram 12 meses de muita produção e troca de conhecimento. No período, Amadeu também conseguiu realizar outras três capacitações pela ESP/CE, fruto da constante busca dele pelo conhecimento. Tamanha persistência se refletiu em importantes resultados para Varjota (CE), município onde atua hoje. E são esses impactos que pautam a segunda reportagem e episódio da websérie “Inspirar: vidas transformadas pela educação na saúde” deste mês de fevereiro.

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A transformação na prática

Todo o  conhecimento adquirido serviu de inspiração para que Amadeu sugerisse a implantação de um laboratório de análise de animais peçonhentos no município.

“Sempre que a gente precisava fazer alguma análise, tínhamos que nos deslocar até a cidade de Ipu para utilizar o espaço deles. Era uma viagem cansativa, nos fazia gastar muito tempo e isso também atrasava a resolutividade dos casos”.

Após muito esforço, ele conseguiu montar um projeto com dados detalhados sobre os equipamentos e outros itens necessários para a operação da unidade. A proposta foi, então, levada à prefeitura do município e aceita em seguida. “Eu entrava sempre em contato para cobrar e pedir que os trâmites das aquisições fossem agilizados. Quando me ligaram para dizer que os materiais tinham sido comprados, foi uma felicidade grande”, resgata.

Localizado na Unidade de Controle de Endemias de Varjota, o Laboratório de Vetores, Reservatórios e Animais Peçonhentos Francisco das Chagas Leitão foi inaugurado em dezembro de 2023. Com capacidade para fazer identificação de animais peçonhentos (escorpiões, aranhas e afins), análises das formas imaturas e adulta do mosquito Aedes Aegypti, o lugar também faz o reconhecimento de parasitologia para doença de chagas e outras patologias. “Estamos preparados, graças aos cursos, para identificar diversas doenças, apesar de sermos um laboratório de município”.

Reconhecimento

“Hoje tenho um sentimento de amor pela ESP/CE, por ela ter me lapidado como profissional. Não é brincadeira a pessoa sair do interior do Estado e conseguir reconhecimento e valorização com formações numa instituição de ponta”, comemora. 

Sobre o curso

A formação de Auxiliar de Laboratório de Vetores, Reservatórios e Animais Peçonhentos caracteriza-se como um curso inicial e contínuo. Nela o discente desenvolve as competências necessárias ao exercício profissional, habilidades e atitudes a partir das vivências no serviço, contribuindo para atividades de coleta, armazenamento, transporte e análises laboratoriais de insetos transmissores de doenças tropicais (dengue, febre amarela, malária, doença de chagas e leishmaniose).

Após a primeira turma, iniciada em 2021, outras cinco foram executadas pela instituição de ensino nas cinco Superintendências Regionais de Saúde:  Fortaleza, Norte, Cariri, Sertão Central, Litoral Leste/Jaguaribe. A iniciativa já contemplou 75 alunos.

De acordo com a responsável técnica pela capacitação, Romênia Lima, ao longo dos anos houve um aumento da demanda das ações de saúde relacionadas aos vetores, reservatórios e animais peçonhentos, no tocante às investigações, aos levantamentos e monitoramentos. 

“Diante dessa realidade, o curso é uma estratégia que surgiu da necessidade da formação dos profissionais que atuam no campo da vigilância das doenças e agravos de caráter endêmico, configurando-se como instrumento estratégico importante para a superação desses desafios, fornecendo orientação técnica, de forma permanente, para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações”, destaca.