Após tratamento com Elmo, paciente de 70 anos recebe alta no Hospital Leonardo da Vinci

20 de julho de 2020 - 11:52 # # #

Repórter: Jackson de Moura

Após 13 dias internada por Covid-19, a aposentada Maria Irismar Morais, de 70 anos, celebrou a volta para casa em Jaguaribe, no interior do Ceará, na última quinta-feira, 16. A paciente se recuperou de insuficiência respiratória após tratamento com o Elmo, capacete que utiliza mecanismo de respiração artificial não-invasivo.

Ansiosa para reencontrar os familiares, Maria Irismar agradeceu aos profissionais de saúde que aplicaram o equipamento no Hospital Leonardo da Vinci, unidade adquirida pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Estado, durante a pandemia. “Vou para casa com meu coração feliz e realizado. Foi Deus que me enviou essa equipe para me curar da falta de ar. Eu venci, graças a Deus!”, comemorou.

O resultado animou os pesquisadores envolvidos na produção e pesquisa do experimento. “O Elmo
foi utilizado quando a paciente necessitou de mais oxigênio, contribuindo para uma melhora mais rápida do quadro pulmonar. O dispositivo também foi considerado confortável pela paciente, especialmente após as primeiras horas de uso”, destaca o superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará e idealizador do modelo, Marcelo Alcantara.

Promessa para tratar casos leves e moderados de infecção pelo novo coronavírus, o capacete de respiração assistida está em fase de testes em pacientes internados no HLV desde o final de junho. O experimento é fruto de uma força-tarefa composta pelo Governo do Ceará, por meio da Sesa, ESP/CE e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor).

O estudo clínico do Elmo já envolveu 15 pessoas, entre voluntários e pacientes. A aplicação do dispositivo em internados é feita por profissionais de saúde do HLV. Eles foram treinados e são supervisionados por uma equipe de pesquisadores composta por médicos, fisioterapeutas e engenheiros clínicos, sob coordenação da ESP/CE.

O teste em pacientes é autorizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e um dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o capacete possa ser produzido em escala industrial.

O dispositivo está em processo de licença para produção e comercialização em território nacional. Na semana passada, a força-tarefa do Elmo depositou a patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Funcionamento e benefícios

Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite ofertar oxigênio a uma pressão definida ao redor da face. A pessoa em tratamento respira com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. Desse modo, o sistema permite que a melhora na respiração e descarta eventualmente a necessidade de intubação.

Em países como a Itália, em que dispositivo semelhante é adotado, o equipamento reduziu pela metade a necessidade de ventilação mecânica em pacientes e, consequentemente, a internação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs).

O modelo foi produzido em tempo recorde graças à união de ciência, tecnologia e inovação. Foram necessários apenas três meses para criação e consolidação do protótipo – na sede do Senai, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, onde está instalada a Central Ventiladores Mecânicos e Equipamentos Respiratórios (CVMER) – e a fase de estudos clínicos, prevista para finalizar nas próximas semanas.

O Elmo possibilita ainda mais segurança às unidades de saúde, uma vez que, vedado ao pescoço do paciente, evita que partículas do vírus se espalhem no ambiente e contaminem profissionais. Além disso, o baixo custo atrelado à simplicidade da composição permite a produção em larga escala do equipamento, que ainda pode ser desinfetado e reutilizado.